segunda-feira, 4 de março de 2013

No consolo de uma Lamparina




        Peça tão interessante que dá grande vida a minha colecção do passado


     Recuando no tempo, e tentando caminhar ao lado da história e das histórias da oliveira,
no consolo de uma candeia ou de uma lamparina, abono que o mito do azeite na
iluminação, tal como todas as outras possíveis utilizações, está muito bem retratado na
sabedoria dos povos do Antigo Egipto…

     Sem dúvida, no final do séc. XVIII/início do séc. XIX, até à chegada das lamparinas a
gás, em toda a Europa, as únicas fontes de iluminação ainda provinham: dos raios
solares, da luz da fogueira e do fogo da chaminé, de tochas e archotes, velas de cera ou
sebo… lucernas, candeias, lamparinas e lampiões de azeite

      Mais uma vez, a associação do azeite à iluminação
dos templos e respectiva sacralização é uma realidade, até aos olhos do ateísmo e de
quem não conhecia a simpatia de uma oliveira.
   
     O uso do azeite nos séculos
XVI a XIX adquiriu uma projecção económica semelhante à do petróleo e da electricidade na segunda metade do séc. XIX/princípio do séc. XX.
    Usar óleos como combustível de iluminação foi, efectivamente, uma prática normal em
quase todas as civilizações conhecidas, desde os óleos de gorduras animais dos povos
do norte da Europa até ao óleo (azeite) de andiroba que os portugueses foram encontrar
nos hábitos milenares dos índios da Amazónia. «A luz era uma necessidade do homem
para combater as trevas»

    Sem dúvidas, até meados do séc. XIX, em Portugal e no resto da Europa, a iluminação dos
templos religiosos, doméstica, mineira, pública, nos navios, naus e caravelas que
cruzaram os oceanos das descobertas e da expansão, dos faróis ou dos farolins… era
prioritariamente, à base de azeite.  

     Até Macau, bem longe dos domínios oleícolas
mediterrânicos, nestes tempos, o serviço público de iluminação era azeitado! Talvez por isso, ainda hoje se diga, na minha e em tantas outras terras, que: “o azeite é para todos,

na candeia do pobre e na mesa do camponês, no candelabro do rico e no banquete do
burguês”.

     Mais acrescento: mesmo que de noite, à luz do azeite ou no consolo de uma
candeia, até a burra pareça donzela, quem a honra ou nasceu no tempo dela não tem
medo do escuro!



                                                                                                                Lisboa : Sec -  XVI a XIX






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